O coordenador interino da Renamo, maior partido da oposição moçambicana, manifestou ontem apoio à extradição do ex-ministro das Finanças Manuel Chang para os Estados Unidos e defendeu a suspensão da incorporação da 'dívida oculta' no Orçamento do Estado de 2015..
Na sua primeira reacção à detenção Manuel Chang, também deputado da Frelimo, a 29 de Dezembro, em Joanesburgo, África do Sul, no âmbito da investigação às "dívidas ocultas" de Moçambique, Ossufo Momade frisou que os países envolvidos deviam prosseguir com as acções judiciais para responsabilizar quem classificou como "lesa-pátrias".
“Queremos, de forma pública, encorajar os governos dos Estados Unidos da América, da República da África do Sul, Inglaterra e outros países amigos de Moçambique, a prosseguir com as acções judiciais de modo a salvar-nos deste pesadelo (dívida) que está a matar os moçambicanos”, disse à Lusa Ossufo Momade, em declarações por telefone a partir da serra da Gorongosa.
Lembrou que a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) repudiou a contratação da “dívida ilegal e inconstitucional”, após a sua descoberta em 2014, e assistiu à inércia da Procuradoria-Geral da Republica (PGR) na responsabilização dos infractores face às conclusões apresentadas em 2017 pela consultora Kroll à Procuradoria-Geral da República de Moçambique.
“Contra todos os apelos e todas as evidências trazidas pelo relatório da Kroll, a PGR ficou muda, surda, indiferente e revelou-se cúmplice dos lesa-pátrias”, assinalou Ossufo Momade, mostrando-se céptico face ao novo pedido da Procuradoria para a responsabilização, pelo Tribunal Administrativo (AT) de Moçambique, de Manuel Chang e outras 16 pessoas envolvidas na contratação de empréstimo de mais de dois mil milhões de euros a favor de três empresas publicas criadas para a segurança marítima e pesca.
O responsável da Renamo manifestou ainda estranheza pelo silêncio dos elementos do governo e da Assembleia da República de então, face à detenção de Manuel Chang e à divulgação de uma lista de 16 pessoas visadas pela investigação.
“Custa acreditar que, perante uma situação tão grave e escandalosa, não haja um único pronunciamento, nem do Presidente da República, nem do Governo e muito menos da Assembleia da República, sobre os contornos e as implicações desta detenção e do mandado de captura que envolve outros concidadãos”, precisou.
Ossufo Momade repudiou ainda a repreensão, pela polícia, de manifestações da sociedade civil e de partidos políticos de apoio à detenção de Manuel Chang, que permanece detido na África do Sul enquanto aguarda decisão sobre o pedido de extradição dos Estados Unidos, que investigam os actos de corrupção que envolveram estas dívidas.
“Enquanto o povo moçambicano apoia a iniciativa do Governo norte-americano, da República da África do Sul e da Inglaterra, o Governo do senhor Filipe Jacinto Nyusi (atual Presidente moçambicano) está preocupado em reprimir os moçambicanos que apoiam a posição daqueles governos, razão pela qual no dia 08 de Janeiro mobilizou um contingente policial altamente armado para intimidar, criar pânico e traumatizar as nossas crianças na cidade de Maputo”, disse ainda Ossufo Momade.
LUSA – 11.01.2019
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